sábado, 28 de janeiro de 2012

"Desemprego na Espanha ultrapassa linha dos 5 milhões pela 1ª vez" 27.01.12



O desemprego na Espanha superou em 2011 pela primeira vez o número recorde dos cinco milhões de pessoas, quase 23% da população economicamente ativa, com mais de um milhão e meio de lares nos quais nenhum de seus membros trabalha e com uma perspectiva econômica de recessão para este ano.O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgou nesta sexta-feira os últimos dados sobre o emprego no país, que demonstram que a espiral de extinção de postos de trabalho iniciada há mais de três anos segue crescendo e se agravando.Apenas no quarto trimestre, 295,3 mil pessoas perderam seu trabalho, o que elevou o número total de desocupados em 2011 para 5,273 milhões.O número tem um forte valor simbólico, visto que pela primeira vez a Espanha ultrapassa a barreira histórica dos cinco milhões de desempregados, apresentando um índice de desemprego de 22,85%.Somente no primeiro trimestre de 1995, na reta final da etapa do governo socialista de Felipe González, essa taxa havia sido superada, com 23,49%.O número divulgado nesta sexta é menor do que o antecipado pelo governo, que situou o total em 5,4 milhões, a mesma quantidade citada pelo novo chefe do Executivo, Mariano Rajoy, em seu discurso de posse.Na ocasião, Rajoy afirmou que entre seus objetivos essenciais como presidente estava "deter a sangria" de destruição do emprego.Estes dados são divulgados enquanto crescem as críticas entre políticos, sindicatos e economistas às consequências das duras medidas de austeridade adotadas na Espanha, exigidas pela União Europeia (UE), para reduzir o déficit público, ao considerar que os cortes repercutem sobre o crescimento econômico e a geração de emprego.Rajoy, que reitera que seu governo segue comprometido com a meta de redução do déficit para 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, reivindicou nesta quinta-feira em Berlim, em seu encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, estímulos à criação de emprego.Concretamente, pediu que a UE destine os fundos de ajuda não aproveitados à geração de postos de trabalho, recursos que o secretário de Estado espanhol para a UE, Íñigo Méndez de Vigo, calculou nesta sexta em 100 bilhões de euros.A Espanha está à frente do bloco europeu no número de desempregados, seguida pela Grécia, país que teve que ser resgatado em meio a uma gravíssima crise de dívida.Os números espanhóis são ainda mais preocupantes no que corresponde ao desemprego dos jovens, setor no qual supera os 51% da média, o que leva muitos deles a saírem do país em busca de trabalho.Os dados mais dramáticos indicam que 1,575 milhão de lares espanhóis têm todos os seus membros desempregados.A falta de emprego afeta também os estrangeiros, com um número total de 1,225 milhão de desocupados e uma média de 34,82%.O Banco da Espanha prevê que a economia cairá 1,5% neste ano, o que significa entrar em recessão depois que o crescimento em 2011 foi de apenas 0,7%.Nas próximas semanas o Executivo prevê aprovar uma nova reforma trabalhista, reivindicada pela patronal e diversos organismos internacionais que consideram a legislação espanhola rígida demais.Mas os sindicatos questionam a idoneidade dessa saída, já que com a reforma anterior, aprovada pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero em junho de 2010, o desemprego seguiu em constante alta.Os dois sindicatos majoritários, Comissões Operárias (CCOO) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), acreditam que as políticas de ajuste agravam o problema do desemprego e pedem ao Executivo que as revise.O secretário de Estado de Economia, Fernando Jiménez Latorre, avaliou os dados desta sexta-feira como a demonstração de que o mercado de trabalho espanhol tem problemas específicos que tornam necessária uma reforma trabalhista "completa, equilibrada e valente".

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