sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AIEA: Irã exige que Israel assine o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares 21/09/2012



Responsável pelo programa nuclear iraniano, Fereydoon Abbasi-Davani, responde às questões sobre o impasse entre o Irã e Israel


Responsável pelo programa nuclear iraniano, Fereydoon Abbasi-Davani, responde às questões sobre o impasse entre o Irã e Israel
REUTERS/Herwig Prammer
 
Os dois países trocaram acusações na 56ª assembléia geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O clima tenso e a falta de um acordo para o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, afastou qualquer possibilidade da realização, até o fim do ano, de uma conferência sobre o Oriente Médio sem armas nucleares. Sob ressalva, países árabes decidiram aderir ao tratado, apesar das críticas dos ocidentais.
Os 155 países membros da AIEA se reuniram em Viena, para discutir sobretudo as tensões entre Irã e Israel, alimentadas pelo impasse nuclear entre os dois países. Durante os debates, Teerã insistiu que Israel assine o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). "Atualmente, o regime israelense é o único não-signatário do TNP no Oriente Médio, apesar de todo o apelo da comunidade internacional. "A paz e a estabilidade não serão obtidas no Oriente Médio caso o arsenal nuclear massivo deste regime continue a ameaçar a região e outros países mais distantes", acusou o embaixador do Irã na AIEA, Ali Asghar Soltanieh. O representante iraniano declarou ainda que "o comportamento irresponsável do regime israelense coloca em xeque o estabelecimento de uma zona sem armas nucleares". Segundo ele, o Estado de Israel é o "único obstáculo".
O representante israelense Ehud Azoulay atacou o Irã e a Síria e apontou os dois países como os responsáveis pelas tensões na região. "A ameaça mais relevante à não-proliferação nuclear vem daqueles que tentam obter armas nucleares sob a alegação de serem aderentes ao TNP", afirmou o embaixador. Nesta quinta-feira, a agência Reuters publicou uma reportagem, segundo a qual, um relatório dos países ocidentais acusa o Irã de fornecer armas ao regime sírio de Bashar al-Assad por meio de aviões que cruzam o espaço aéreo do Iraque. O fornecimento de armas teria como objetivo reprimir os insurgentes que travam batalhas contra o regime há dezenove meses.
Por causa do impasse, Israel e Irã não confirmaram se participarão da conferência, organizada pela Finlândia, para debater a criação de um grupo do Oriente Médio de países sem armas nucleares. A reunião deve acontecer até o final do ano. Apesar dos esforços de países como a Finlândia, a questão nuclear entre o Irã e Israel deve continuar tensa. O chefe da delegação israelense de energia nuclear, Shaul Hore, declarou durante a assembléia da AIEA em Viena, que a situação na região é "volátil e hostil" e não é propícia à criação de uma zona desprovida de armas nucleares.
Durante a reunião da AIEA, os Estados membros aprovaram, por uma grande maioria, o pedido de adesão dos países do Oriente Médio ao TNP. A decisão foi criticada pele embaixador americano na AIEA, Robert Wood. Os Estados Unidos e outros países ocidentais, entretanto, decidiram pela abstensão, ao invés do voto contra a adesão dos países árabes ao TNP. A decisão foi motivada pela decisão dos países árabes de não apresentarem uma resolução separada condenando o programa nuclear israelense. O voto contra dos ocidentais à adesão dos árabes ao TNP afastaria toda a possibilidade da organização de uma conferência na Finlândia, sobre o desarmamento nuclear no Oriente Médio.

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