segunda-feira, 24 de setembro de 2012

EUA fazem demonstração de força no Oriente Médio 24/09/2012


Os Estados Unidos tentam demonstrar seu poderio militar com as manobras navais que realizam no Oriente Médio, justo quando uma crise diplomática com complicações políticas sacode o governo democrata faltando poucas semanas para as eleições de novembro.


Milhares de pessoas no Iêmen, Egito e na Líbia, entre outras nações, repudiam com ira, através de manifestações em frente às sedes diplomáticas estadunidenses, a projeção de fragmentos do filme "A Inocência dos muçulmanos", filmado em território estadunidense e que ofende o Islã e seu profeta Maomé.

Os violentos distúrbios ocasionaram a morte do embaixador estadunidense em Trípoli, Christopher Stevens, durante um ataque ao consulado desta nação em Benghasi.

Tudo isto provocou para o presidente Barack Obama, candidato à reeleição, o que o jornal The Washington Post qualifica como "sua pior crise em política exterior", cujo impacto nas eleições de novembro ainda está por ser analisado.

No meio desta situação, o Pentágono enviou dezenas de infantes da marinha a países do Oriente Médio para reforçar a segurança de suas instalações diplomáticas, assim como dois navios destróiers e vários aviões não tripulados.

Como pano de fundo, os Estados Unidos e outros 25 países realizam durante a segunda metade de setembro o Exercício Internacional Antiminas (Inmcmex-2012, International Mines Countermeasure Exercise-2012), com o pretexto de melhorar a cooperação entre as forças armadas de seus aliados na região.

Analistas e meios de imprensa afirmam que este treinamento é na realidade uma demonstração de força para o Irã e para a Síria, ambos submetidos às pressões do Ocidente. Desta forma, Washington demarca seu poderio para lançar uma ação militar de grande envergadura se existir a vontade política para fazê-lo.

O volume do Inmcmex-2012 não tem antecedentes, e entre as nações participantes figuram a França, Reino Unido, Japão, Jordânia e Nova Zelândia.

Em julho passado, o Pentágono deslocou quatro barcos caça-minas e o navio anfibio USS Ponce ao Golfo Pérsico, preparado para servir como base avançada temporária para forças especiais, helicópteros e lanchas de patrulha.

Além disso, mantém um grupo de porta-aviões no Mar Arábico e outro no Golfo Pérsico. Também elevou de quatro a oito o número de barcos contra minas, entre outras medidas.

Outro porta-aviões foi recentemente levado do território continental estadunidense para o Oriente Médio, três meses antes do previsto e somado aos outros dois mencionados. A versão oficial do objetivo destes exercícios contém uma longa lista de justificativas e pretextos que argumentam sua realização.

Segundo a marinha de guerra estadunidense, a dinâmica principal do Inmcmex-2012 está baseada em uma hipotética ameaça de uma organização extremista de minar as vias internacionais no Mar Vermelho, no Golfo de Áden, Golfo de Omã e Golfo Pérsico.

O comando da Quinta Frota dos Estados Unidos - com sede no Bahrein - assegurou que o exercício não está dirigido contra nenhum país específico.

Dito comando é responsável pelas forças navais no Golfo Pérsico, no Mar Vermelho, no Mar Arábico e parte da costa leste da África, e está subordinado ao Comando Central que atende o Oriente Médio.

Segundo o Pentágono, as manobras têm a finalidade de incrementar a cooperação entre marinhas de guerra de seus aliados para se preparar contra as ameaças de fechamento de rotas marítimas comerciais e neutralizar os piratas em águas próximas à Somália.

Porta-vozes militares disseram que o uso de minas por grupos rivais de Washington na zona afetou nos últimos anos barcos comerciais que transitavam por essa via.

O comando das forças navais enfatiza que o Inmcmex-2012 também não é uma resposta às ameaças do Irã de fechar o Estreito de Ormuz em caso de uma agressão contra essa nação. Por essa via transita uma quinta parte do petróleo consumido no mundo.

Mas o governo iraniano tem reiterado que se mantém alerta e qualifica estas manobras como uma provocação, em momentos em que a situação no Oriente Médio está piorando.

Segundo Teerã, a esta demonstração de força se somam as pressões políticas e diplomáticas, e as sanções econômicas dos Estados Unidos e das potências europeias. As autoridades iranianas advertiram que suas tropas darão uma resposta rápida e efetiva a qualquer ataque inimigo.

Além das manobras navais, o Departamento estadunidense de Estado confirmou no mês passado que o Pentágono trabalha na conformação de um escudo antimíssil (EAM) no Golfo Pérsico, destinado a "defender objetivos civis e militares" de um suposto ataque do Irã.

Esse sistema inclui mobilizar instalações de comando, controle, comunicações e inteligência. De acordo com o jornal The New York Times, o projeto, além de consolidar a já forte presença militar estadunidense na região, constitui um negócio de grandes proporções, porque inclui milhões de dólares em vendas de armas.

No final do ano passado, o país norte-americano vendeu dois radares avançados de defesa antimíssil aos Emirados Árabes Unidos e prevê localizar uma equipe similar de alta resolução no Qatar a princípios de 2013.

Em 2011, a Arábia Saudita realizou melhoras em seu arsenal de sistemas anti-foguetes Patriot, a um preço de 1,7 bilhões de dólares, e existem planos para vender ao Kuwait armamentos por mais de quatro bilhões.

As próprias forças militares de Washington proporcionam uma parte significativa das defesas antibalísticas no Golfo Pérsico, em particular os navios de guerra que têm radares de rastreamento e foguetes interceptores, acrescentou o The Times.

Além disso, o Pentágono deslocou instalações antimísseis com base terrestre para defender suas bases militares localizadas no Golfo Pérsico. O EAM é parte de um escudo antibalístico que Washington pretende criar globalmente e para o qual já começou a dar seus primeiros passos na Europa.

Dito projeto tem seus antecedentes na chamada Iniciativa de Defesa Estratégica, conhecida como a Guerra das Galáxias e integrada por sistemas interceptores em terra e no espaço. Mas sua versão original - dirigida contra a União Soviética na década de 1980 - nunca se desenvolveu, ainda que sentou as bases para os programas atuais nessa matéria.

O Inmcmex-2012 e outras medidas para reforçar a presença militar dos Estados Unidos na região coincidem com a atual situação de instabilidade provocada pelas ameaças e atos de subversão dos Estados Unidos e seus aliados que pretendem derrubar governos considerados hostis.

Coincide, assim mesmo, com o incremento das pressões de todo tipo contra o Irã, acusado pelo Ocidente de desenvolver um programa nuclear com fins militares, ainda que as autoridades da nação persa asseguram ter intenções pacíficas.

Apesar destas confusões, crises e incertezas em sua política para o Oriente Médio, com o reforço militar, Washington pretende uma vez mais aproveitar a ocasião para consolidar seu domínio em uma área considerada vital para seus interesses de segurança nacional.

Fonte: Prensa Latina

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