sábado, 23 de fevereiro de 2013

"Com a queda dos juros, o Brasil perdeu o charme?" 23/02/2013

247 - A revista Época que chega às bancas neste fim de semana traz um editorial do diretor Hélio Gurovitz em que ele deixa claro de que lado a revista semanal das Organizações Globo está. "Desde o início estamos com Yoani Sánchez", avisa.
Este, no entanto, não é o único posicionamento relevante da publicação. Neste edição, uma reportagem chamada "O eclipse do Brasil", assinada pelo editor José Fucs, relata que o País perdeu o encanto diante dos investidores internacionais. "A festa acabou, a economia empacou, o investidor fugiu. E agora?", indaga a publicação.
O grande achado da reportagem, no entanto, é uma pergunta do editor ao investidor Mark Mobius, que deveria ancorar as teses da revista. "Com a queda dos juros, o Brasil perdeu o charme?", pergunta o jornalista. Repetindo: "Com a queda dos juros, o Brasil perdeu o charme?"
É exatamente esta a questão colocada pela Editora Globo ao investidor. E o mais surpreendente é a resposta de Mobius. "Na verdade, os investidores estrangeiros continuam vindo ao Brasil (…) Hoje, apesar da queda recente, os juros no Brasil ainda são mais altos do que na maioria dos países. O retorno ainda é de 6% ou 7% ou ano. Ainda é muito, comparado a 1% ou menos nos EUA e na Europa".
Ao longo de toda a entrevista, Mobius demonstra mais otimismo com o Brasil do que a revista Época. Ele fala de "pleno emprego" no País, de um "consumo explodindo", de uma "renda per capita subindo" e de investidores que "querem ter acesso a este mercado".
Mobius também fala de sua visão otimista antes de receber a seguinte afirmação: "Só que, até agora, quase nada foi feito em infraestrutra para a Copa e a Olimpíada". E ele responde: "Em qualquer Olimpíada, todo mundo está sempre atrasado. O Brasil terminará as obras a tempo, e tudo dará certo. Isto colocará o Brasil no mapa". Mobius finaliza a entrevista dizendo que o Brasil é uma "excelente aposta" e que continuará a investir no País.
Mas Época vendeu a seus leitores a ideia de um eclipse. "A festa acabou, a economia empacou, o investidor fugiu…"
Nada disso aconteceu. O único ponto é que a Editora Globo rasgou sua fantasia e se mostrou saudosa de um tempo em que o Brasil era o paraíso dos juros altos, do ganho fácil dos rentistas e, como dizia Delfim Netto, o "último pernil com batatas disponível no mundo".

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