"A saída é frear a economia. É demitir mesmo"
A frase acima é do economista Alexandre
Schwartsman (esq.), ex-diretor do Banco Central e um dos pit bulls do
sistema financeiro na defesa dos juros altos; assim como ele, Ilan
Goldfajn (dir.), economista-chefe do Itaú Unibanco, também defende,
abertamente, mais desemprego para conter a inflação; "não dá para fazer
omeletes sem quebrar os ovos", diz; será que existe o risco de que esse
discurso seja ouvido em Brasília?
247 - Os pit bulls do sistema
financeiro estão nervosos. Enfurecidos. Exigem, de qualquer maneira, uma
ração maior de juros, que poderá trazer, como resultado imediato, um
aumento do desemprego. E já nem fazem mais questão de esconder os seus
propósitos. Pedem, abertamente, a demissão de trabalhadores, como forma
de reduzir o consumo e tentar fazer arrefecer a inflação.
Um desses personagens é Alexandre Schwartsman, ex-diretor
do Banco Central, que depois teve curta passagem como economista-chefe
do Santander, onde nem mesmo os espanhóis conseguiram administrar seus
excessos verbais. Schwartsman exige demissões já. "A saída é frear a
economia", afirma. "É demitir mesmo", completa, sem deixar claro se essa
recomendação valeria para ele ou para pessoas próximas.
Mais contido na forma, mas não no conteúdo, o
economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, que também passou pelo
BC, adota o mesmo discurso. "A inflação não cai num passe de mágica.
Não cai porque o Banco Central resolve falar mais duro. Cai com o
encontro do crescimento da oferta com o crescimento da demanda. É
preciso fazer escolhas. Não dá para fazer omeletes sem quebrar os ovos",
diz ele, repetindo uma frase da ex-ministra Zélia Cardoso de Mello.
A posição desses dois economistas, no entanto, é
questionada pelo ex-ministro Delfim Netto, um dos mais próximos
conselheiros da presidente Dilma Rousseff. "A empregada doméstica virou
manicure ou foi trabalhar num call center. Agora, ela toma banho com
sabonete Dove. A proposta desses gênios é fazer com que ela volte a usar
sabão de coco aumentando os juros", afirma.
Em Brasília, até agora, tem prevalecido uma outra
estratégia de política econômica. Com a redução dos juros, o governo
federal, que é o maior devedor da economia, passa a ter uma folga
fiscal, que permite desonerar vários setores da economia. Graças a isso,
foram reduzidos impostos incidentes sobre a cesta básica e também
reduzidas as tarifas de energia.
De todo modo, o latido dos pit bulls para que o Banco Central adote o remédio antigo de alta dos juros é cada vez mais forte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário