sábado, 27 de abril de 2013

Governo espanhol anuncia mais austeridade e assume que não cumprirá promessas eleitorais 27/04/2013

O governo do Partido Popular, liderado por Mariano Rajoy, reviu esta sexta feira os valores do défice, calculando que o mesmo se situará nos 6,3 do PIB em 2013. A taxa de desemprego deverá ascender a 27,1% até ao final do presente ano, quando à data da tomada de posse de Mariano Rajoy se situava nos 22,8%. O aumento excecional do IRS será prolongado por mais um ano.
Foto de European People's Party (EPP)
Após reunião do Conselho de Ministros, a vice-primeira-ministra Soraya Sáenz de Santamaria, que se fez acompanhar pelo ministro das Finanças, Luis de Guindos, e pelo ministro do Orçamento, Cristobal Montoro, anunciou que o governo espanhol reviu os valores relativos ao défice, bem como os que respeitam à taxa de desemprego.
O défice deverá atingir este ano, segundo adiantou o executivo de Mariano Rajoy, os 6,3% do PIB, valor bastante mais elevado do que aquele que é imposto por Bruxelas (4,5%), sendo que apenas em 2016 será possível baixar o défice para menos de 3%.
No que respeita à taxa de desemprego, que, aquando a tomada de posse de Mariano Rajoy, em 2011, se situava nos 22,8%, a mesma irá ascender a 27,1% até ao final do presente ano, a 26,7% em 2014 e a 25,8% em 2015, apenas saindo da fasquia dos 25% em 2016.
O governo assume, desta forma, que não se encontra em condições de cumprir a sua promessa eleitoral, no que respeita à redução da taxa de desemprego durante a presente legislatura. Antes de ser eleito, Rajoy também tinha prometido nunca aumentar os impostos, contudo, veio posteriormente a argumentar que a redução do défice público é inevitável e uma prioridade que o obriga a quebrar promessas eleitorais.
Governo espanhol anuncia mais austeridade
A par de anunciar a revisão dos valores relativos ao défice e à taxa de desemprego, o executivo do Partido Popular anunciou um novo plano para 2013-2016 que inclui medidas como o prolongamento do aumento do IRS por mais um ano, até 2015, a redução das deduções das empresas, a criação de um imposto sobre os depósitos bancários e o aumento de impostos especiais.
A vice-primeira-ministra anunciou ainda a “regulação do fator de sustentabilidade, para garantir o futuro do sistema de pensões”, e a possibilidade de “desindexar” os contratos administrativos do índice de inflação. Soraya Sáenz de Santamaria deixou ainda transparecer a hipótese de, inclusive, as pensões deixarem de ser indexadas ao nível da inflação.
Mariano Rajoy irá dar detalhes mais concretos ao Parlamento nacional sobre o pacote de medidas aprovado esta sexta feira pelo governo, segundo adiantou a vice-primeira-ministra.
Governo volta a virar as costas aos que mais necessitam”
As Comisiones Obreras (CCOO) acusam, em comunicado, Mariano Rajoy de ter “olhos e ouvidos só para Bruxelas”. “Um país com esta taxa de desemprego e estes níveis de pobreza e exclusão social necessita, antes de mais, de reforçar a sua rede de proteção social e dispor de recursos para atender às pessoas que mais necessitam, pessoas a quem o governo volta a virar as costas”, defendeu a estrutura sindical, que descreve Rajoy como “um dos dirigentes europeus mais esquivo e mudo na sua relação com a sociedade”.
A UGT definiu o pacote aprovado esta sexta feira como “a crónica da morte anunciada da economia espanhola e do modelo social espanhol”. “Não só não corrigiram o défice nem os principais parâmetros económicos, como também preveem um aumento brutal do desemprego e uma grave deterioração do nosso sistema de proteção social e serviços públicos”, adiantou.
Governo de Rajoy quer criar um exército de desempregados
Na quinta feira, Cayo Lara, representante da Izquierda Unida, acusou o governo de Mariano Rajoy de não querer criar emprego e sim “criar um exército de reserva de desempregados, por forma a embaratecer os salários”. “Esse é o objetivo da reforma laboral", frisou Cayo Lara, culpando o governo espanhol pela atual “catástrofe social”.

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